Salvando o dia, um artigo de serviço de cada vez.

Mesmo que não compreendamos inteiramente o que é o jornalismo de serviços, isso não nos impede de depender dele. Faz parte de nossa natureza consultar o jornal, a revista, o noticiário ou a internet quando precisamos de informações sobre o clima, a programação do cinema ou que eventos interessantes há no fim de semana. Sabemos que a resposta estará lá.

Pois é. Serviço vende. Tanto que há publicações inteiras dedicadas a ele, como a Veja São Paulo e as revistas/cadernos dos jornais nas sextas-feiras. E como tudo o que se torna amplamente popular, este gênero tem fervorosos opositores e defensores.

Há quem diga, como Dennis de Oliveira, que

“O chamado jornalismo de prestação de serviços despontou como a grande saída para a mídia impressa, acossada que estava pela agilidade e pela rapidez da Televisão. Esse tipo de jornalismo encaixa-se numa perspectiva teleológica construída pelo neoliberalismo, onde o consumo é elevado à condição de categoria suprema, da dignidade, da cidadania. Propõe-se a constituir uma sociedade só de consumidores, negando que o consumo tem outra ponta, que é o trabalho. Sem produção, não há o que consumir.
Assim, o jornalismo de serviços nada mais é do que a reconstrução da realidade sob a ótica do consumo.”

Hmmm, consumo. Ok. Jessica Lockhart nos diz que “O Serviço é o fast food da indústria de revistas. Isso que não quer dizer que nao possa ser uma refeição completa e nutritiva”. Ela continua, ressaltando que

“serviço é o que prende os leitores – fornecendo dicas para fazer coisas mais rápida, fácil e inteligentemente – e faz com que voltem querendo mais. Don Obe, editor da Toronto Life de 1977 a 1981, credita Clay Felker como o primeiro a introduzir o serviço na revista New York no final dos anos 1960. Não era o bastante que uma revista fosse informativa e divertida – também tinha que ser percebida como útil. Como o jornalista nova-iorquino Micheal Wolff escreveu em uma edição de aniversário, ‘a revista de Felker nao era tanto um guia para a cidade quanto era um guia para ser mais esperto, mais na moda e mais por dentro das coisas’. Por toda a nação, revistas locais seguiram o exemplo. Se tornaram a fonte de onde conseguir os melhores produtos pelo menor preço.
Quarenta anos depois, a definição de serviço permanece subjetiva, mas uma coisa é certa: enquanto muitos insiders da indústria (jornalística) vêem o serviço como junk food na seção do espinafre, os leitores continuam devorando mais e mais. No espírito do gênero em questão, aqui estão cinco motivos pelos quais o serviço é a escolha saudável para a indústria de revistas(...)”.

São eles:
  1. Tamanho não faz a diferença: é hora de focar em qualidade, não quantidade. Um artigo de serviço bem feito leva horas de pesquisa extenuante, inúmeras entrevistas e uma abordagem nova para o que pode ser uma história mais do que familiar.
  2. Vender cópias não é o mesmo que se vender. É preciso fazer o trabalho jornalístico com integridade.
  3. Verifique a data de validade. O conteúdo é mais fresco do que parece. Revistas femininas são acusadas com frequência de reciclar ideias, informações e artigos. Deve-se considerar que estes são artigos motivados sazonalmente e com alta vendagem de banca. Este ponto óbvio – de ser relevante para o leitor – as vezes não é tão óbvio para os editores das revistas. Não é um exagero dizer que o sucesso do gênero depende do entusiasmo e criatividade dos escritores e editores. Bem feito, o jornalismo de serviços é como uma receita favorita de caçarola: os ingredientes podem envolver algumas sobras, mas com um pouco de tempero e ingredientes frescos, pode ter um sabor inteiramente novo.
  4. A embalagem é mais do que só um papel bonito. Há um consenso de que as histórias valiosas são as que são grandes e inovadoras. Isso pode ser importante para a indústria, mas o leitor nao pensa necessariamente da mesma forma.
  5. Não há mal algum em oferecer comida: os leitores nao conseguem pensar de estômago vazio. Artigos de serviço não aparecem nas revistas porque os editores ou as publicações os adorem, mas porque é o que os leitores querem.

Santas metáforas alimentícias! Uns dizem fútil, outros - útil. Enquanto isso, a grande maioria dos estudantes de jornalismo sonha em mudar o mundo. E isso pode ser feito tanto com uma grande reportagem investigativa, quanto com uma matéria mostrando qual a melhor maneira de investir pequenas quantias durante a crise, desde que faça a diferença para o recipiente.

Em 2008, Jennifer Rowe apresentou em uma conferência algumas listas e questionários que podem nos ajudar a determinar a relevância e a importância para o leitor do tópico a ser abordado, ou “Como servir o Jornalismo de Serviços”:

Jornalismo de serviços como prato principal (12 abordagens do uso):
1. Explore com profundidade assuntos que importam aos leitores.
2. Ajude-os a tomar decisões importantes.
3. Quantifique e qualifique informações para as pessoas.
4. Confirme o conhecimento comum.
5. Encontre um parceiro com conhecimento para ajudar.
6. Expanda o assunto (e encontre variações sobre o mesmo tema).
7. Considere o lugar onde as pessoas vivem e trabalham.
8. Preste atenção às tendências.
9. Simplifique assuntos complexos.
10. Surpreenda e desafie.
11. Tome riscos.
12. Não tenha medo de falhar.

Serviço de uma perspectiva diferente
- Investigue um tópico
- Faça uma pesquisa entre os leitores
- Tome uma posição

Jornalismo de serviços como acompanhamento para qualquer matéria.


* Agrupe os tópicos
1.Perguntas e respostas
2. Faça e não faça (Do’s and dont’s)
3. Vantagens e desvantagens.
4. Obstáculo/problema e solução.

* Liste seus favoritos

1. números.
2. marcadores
3. passos
4. categorias ou tipos

* Apresente a informação visualmente

1. Tabelas e gráficos
2. Mapas
3. Linhas cronológicas
4. Ícones

* Pense dentro da caixa

1. Glossários e definições
2. Referências e recursos adicionais
3. Dicas
4. Bios curtas

* Encoraje a intera
ção
1. Questionários e jogos
2. Planilhas
3. Listas

5 critérios que a Associação Americana de Editores de Publicações de Negócios (American Society of Business Publication Editors) usam para julgar artigos de serviço:
1. Qualidade da escrita
2. Valor para o leitor
3. Organização editorial
4. Interação com os leitores
5. Layout e design

Entre tantas possibilidades, tantas opções, é necessário que alguém codifique a informação. E salve o dia.

REFERÊNCIAS:

LOCKHART, Jessica. 5 reasons to love service journalism (5 razões para amar o jornalismo de serviços). Publicado em Ryerson Review of Journalism, edição da primavera de 2008. S.n.t. Fonte: Clique aqui

OLIVEIRA, Dennis de. Jornalismo de Servicos: Produto Descartável. Publicado em IMPULSO, em Janeiro de 1999. S.n.t. Fonte: Clique aqui

ROWE; Jennifer. How to serve up Service Journalism (Como servir o Jornalismo de Serviços). Apresentado na Conferência Connect da NRECA, em Maio de 2008. Fonte: Clique aqui

Imagens:
Cliche Reporter - Guardian.co.uk
Superman Daily Planet - google images, disponível em vários lugares.

Culpada: Rejoice Sunshine Strauss

5 comentários:

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  4. Moniky Bancilon


    bom, gostei mto do blog de vcs...
    autentico e simples de entender, sei q as traduções são dificeis e aplaudo a coragem e ousadia de vcs para postarem...
    ponto negativo achei que os textos ficaram muito extensos, poderiam ter sido feitos mais tópicos...
    no mais gostei mtooo do blog....

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  5. Adorei o blog, realmente inspirador para um calouro de jornalismo como eu. Parabéns!

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