Leituras de férias

Bom, acho que já deu pra notar que estamos de férias. Enquanto um intervalo faz bem ao corpo e areja a mente, também permite que busquemos leituras prazerosas. Afinal de contas, logo logo estaremos de volta ao dever do bom estudante, focados nos livros da faculdade.

Para quem ainda está em dúvida do que ler neste tempo livre, os Cúmplices do Guto compilaram algumas sugestões:


Amanda Pás recomenda Feliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva, que conta a história do autor quando sofreu um acidente que o deixou tetraplégico. Imagine só um jovem de classe média alta, mulherengo e estudante da Unicamp nesta situação? No decorrer do livro o autor conta a história da vida dele depois do acidente e relembra vários fatos marcantes. Um exemplo é a história de Rubens Paiva (pai de Marcelo) que foi vítima da ditadura e que até hoje está "desaparecido".

Para mais informações, clique na foto.

Beatriz F
errete está lendo A Ordem do Discurso, de Michel Foucault. Segundo ela, seu professor de técnicas de redação jornalística lhe disse ser ótimo para complementar as aulas.

Para saber mais, clique sobre a imagem.

Henrique Mathias nos dá ótimas referências de A Confraria dos Espadas, de Rubem Fonseca. Contendo oito contos que giram em torno do prazer e/ou da morte. Com um humor bem diferente do convenional, as histórias acontecem de um "jeito meio 'trash'", imprevisível. Uma leitura leve e dinâmica.

Para mais informações, clique na foto.

Para uma leitura menos convencional, Rejoice Strauss recomenda Gourmet, escrito por Jiro Taniguchi e ilustrado por Masayuki Kusumi. O mangá segue um vendedor pelas ruas do Japão, retratando fielmente os costumes e os pratos típicos da culinária local. Com um glossário, é uma leitura que abre o apetite e a mente.


O CulpaDoGuto volta daqui a algumas semanas, junto com as aulas. Até breve!

Culpados:
Amanda Pas
Beatriz Ferrete
Henrique Mathias
Rejoice Sunshine Strauss

Editorial: O amanhã dos jornais (literalmente!)

Todos os dias, jornalistas do mundo inteiro dedicam cada minuto de suas vidas para escrever uma boa matéria. Perdem horas de sono, não se alimentam e não descansam a fim de escrever um bom texto, ora explicando os acontecimentos do dia, ora expondo opiniões para instigar a visão crítica dos leitores. Quando desligam o computador, achando que o dever do dia está cumprido, a cabeça continua pensando, escrevendo títulos, leads, crônicas, colunas, notícias (nossa, que bagunça!) no plano imaginário. Eles nunca têm o sentimento de dever cumprido. “A vida não é vida. É sempre texto. É sempre contexto. É sempre texto.” (João Pereira Coutinho, “Contra os Colunistas” - Folha de S.Paulo)

Entretanto, a necessidade doentia de escrever e partilhar informações persiste nos jornalistas. Eles sentem que a vida não faz sentido sem palavras, sem textos. Amam os jornais e o jornalismo com a ingenuidade própria dos verdadeiros amantes. E tem que amar mesmo, porque ser jornalista não é tarefa fácil. É necessário muito estudo, compenetração e amor à profissão. Muito amor sim, porque, se pararmos para pensar, jornalistas perdem horas de sono, não se alimentam e não descansam a fim de escrever um bom texto no jornal, para ser lido em um instante no café da manhã, para criar opiniões em pessoas anônimas, para fazer papel machê, para cobrir o assoalho em dia de pintura, ou ainda para forrar o banheiro do gato.

Seguem abaixo mais algumas dicas do que você pode fazer com o seu papel-jornal depois da leitura. Obrigada pela atenção, e encerro aqui o meu texto, indignada com o destino final dos textos jornalísticos e, mais indignada ainda, com a minha situação de estudante, afinal, apesar de saber de todas essas verdades, eu continuo estudando e amando o Jornalismo. Estudantes, focas e jornalistas propriamente ditos, continuem perdidamente apaixonados pelo jornal, pois, de uma forma ou de outra, o mundo precisa dele.

DECORE SUA CASA COM ARTESANATOS ECOLÓGICOS

ENTRE NA MODA COM BOLSAS ESTAMPADAS

UNA A TECNOLOGIA À RECICLAGEM

PROTEJA-SE DO SOL COM ESTA SOMBRINHA (só não vale chover)

EMBRULHE BANANAS VERDES (animador esse, né?)

Fontes:
Artesanato
Bolsa
Pen Drive
Guarda-chuva

Foto das frutas por:
Beatriz Ferrete

Culpada:
Beatriz Ferrete

A mídia que gritou lobo!

Se acreditarmos em tudo que lemos por aí, teremos por certo que o Rock morreu há uns 50 anos. E o jornalismo impresso há pelo menos dez. A revolução digital é notícia antiga, assim como outras que vieram e anunciaram: O impresso morreu! Disseram que não sobreviveria ao cinema falado. Nem ao rádio, nem à TV, e muito menos ao videocassete.

Mas aí está ele. Agonizante, é certo. Mas ainda aí. Tantas vezes se reinventou, mudou, aperfeiçoou-se, descobriu em tempo o que seu consumidor precisava. Os jornalistas esperam ansiosos para ver qual será o próximo avanço, tal qual herói de quadrinhos que surge no último instante para salvar o dia. Porque, assim como o menino que gritou lobo, não conseguimos mais acreditar que é o fim.

É o fim. Porque o consumidor assim decreta, e porque o modelo que o jornalismo “impresso” criou, nos últimos 14 anos, é impossível de sustentar. Querem colocar a culpa no Google. Querem pôr a culpa nos jovens, que “não tem mais a capacidade de concentração que o impresso requer”. Besteira. Um modelo que se baseia somente em anunciantes para gerar renda e acredita que pode continuar alimentando o internauta com conteúdo gratuito e descartável é auto-sabotagem.

Há também aqueles que argumentam que esta mídia como um todo é obsoleta. Talvez seja. Pois ao se falar em grande público, nas classes C e D, naqueles que não consomem conteúdo digital, tem que se entender que esta maioria não consome o JORNAL. Usam de revistas de variedades, programas de rádio, telejornais. Mas aos olhos do povo, o jornal impresso, 200 anos depois, ainda é elitista.

Indiscutível é o fato de que é nossa responsabilidade, como futuros jornalistas, de tomar consciência do nosso verdadeiro papel, e continuar a reinventar o gênero, para que sobreviva. Informação de qualidade, que provoca a reflexão, requer pessoas treinadas e remuneradas para fazer um bom trabalho. Resta encontrar maneiras simples, e eco-sustentáveis, de fazer com que o público volte a pagar por isso.


Fontes:
How to save your newspaper – Publicado na Times Magazine de 2 de março de 2009
Will the internet kill newspapers?
Imagem

Para saber mais:
Newspaper death watch - Um blog americano com a proposta de narrar o renascimento do jornalismo

Culpada: Rejoice Sunshine Strauss

Entrevista: Jessé Souza

O CulpaDoGuto entrevistou Jessé Souza, editor-chefe da Folha de Boa Vista, por e-mail, considerando os mais de 3000km de distância entre a capital de Roraima e a Grande São Paulo. Confira abaixo!

Clique na imagem para ler a entrevista na íntegra.

CG: Há quem diga que jornalista não precisa ser diplomado e, ao mesmo tempo, muitos dizem que o diploma é necessário. Qual a sua opinião no momento?
JS: Ser bom jornalista independe do canudo ou não. Há péssimos profissionais formados que acabam sendo preteridos obviamente nas redações, enquanto os não-diplomados só conseguem um lugar ao sol se mostrarem que realmente são bons ou dentro da média.
Os ruins, diplomados ou não, serão ceifados primeiro no crivo do leitor-telespectador-ouvinte, depois na caneta dos editores. A regra de mercado é óbvia: nenhum patrão da mídia vai deixar em seus quadros de profissionais um jornalista que não lhe dê lucros (ou na visão romântica: que cumpram bem a arte do jornalismo com zelo e responsabilidade), que não tenha leitores-telespectadores-ouvinte, que não alavanque Ibope.

CG: Podemos notar que há cada vez mais jovens nas redações de jornais. Isso também acontece na Folha de Boa Vista? Você acha benéfico?
JS: Os cursos de Comunicação estão jogando no mercado de trabalho cada vez mais um maior número de jornalistas formados, boa parte deles jovens que acham que jornalismo é para ficar famoso e rico.
Alguns deles saem despreparados e com uma visão romântica até demais sobre a profissão, por isso a maioria não consegue ocupar um lugar no mercado. E a culpa não é exclusiva deles, mas das universidades que não estão preparadas para construir uma ponte no fosso que existe entre o mundo acadêmica e a vida prática das redações do jornal.
No entanto, os que conseguem passar nessa peneira têm dado um oxigênio novo às redações, pois eles vêm com a proposta de resgatar o idealismo que o jornalismo tem perdido. E isso é bom, porque o jornalismo mercenário e relapso não pode mais sobreviver ou ganhar mais força.
Na Folha de Boa Vista esta realidade é latente. A atual turma é recém-formada ou ainda está concluindo o curso de jornalismo. São jovens que precisam de amadurecimento, mas que já estão aprendendo a caminhar com as próprias pernas e com nova mentalidade de fazer um bom jornalismo.

CG: Muitos acham que jornalistas devem relatar igualmente os dois lados de um fato. Você concorda? Existe jornalismo imparcial?
JS: Não é que questão de “achar”, é regra básica do jornalismo e o sagrado direito de partes opostas de ocuparem o mesmo espaço. A parcialidade ou imparcialidade do jornalismo não cabe nessa regra básica de privilegiar uns e outros não.
Não existe imparcialidade em qualquer jornal do mundo, porque só o fato de um jornal ir para as ruas ou para o ar significa que houve uma grande edição com olhares de quem acha que é aquilo que o público quer ler ou ouvir.
Jornalismo é um comércio como qualquer outro, só que seu produto é a notícia. E jamais existirá imparcialidade plena quando está em jogo a sobrevivência financeira da empresa. Muitas vezes paga-se para não ser divulgadas certas matérias, em vez de manipular uma matéria que foi ao ar ou saiu impressa. O poder da comunicação também está em não divulgar.
O repórter quando produz uma matéria, embora use todas as técnicas da imparcialidade, já usou seus filtros inerentes à pessoa humana, e isso é parcialidade.
A imparcialidade é uma busca pela verdade, e a verdade absoluta não existe, ou seja, cada um tem sua verdade, sua forma de ver, sua forma de editar o mundo. Cada um de nós, seres humanos, somos editores parciais do mundo.

CG: Em entrevista ao site J7, você disse que uma das situações mais engraçadas e difíceis que enfrentou foi quando fez uma entrevista com uma liderança empresarial por telefone. Ela disse que iria recorrer ao Superior Tribunal Federal e no dia seguinte você descobriu que havia ligado para o número errado e que se tratrava de um trote. Como você checa suas fontes para saber se elas são realmente honestas?
JS: Esse episódio ocorreu na pressa do fechamento e quando celular era raridade e assessorias de comunicação quase não existiam. Hoje há várias formas de checar as informações, entre elas a internet (MSN, por exemplo).
Mas checar sempre será um desafio, porque quem dá entrevista nem sempre poderá ser encontrado depois, seja por telefone ou por meio de outro recurso. E nessa hora é que as assessorias são imprescindíveis.

CG: Nesta mesma entrevista, você relatou um trabalho investigativo com o então repórter-fotográfico Nonato Sousa de como havia descoberto o escândalo da morte dos bebês na maternidade. Como é trabalhar com investigação?
JS: Investigar não é fácil, porque não se aprende isso nos bancos das faculdades nem se consegue essa prática do nada, sem ter experiência. Mas foi um faro de repórter afoito.
A técnica de investigar deve ser muito mais acurada do que a técnica de reportagem, porque na investigação você não vai apenas perguntar, você vai montar um quebra-cabeça e buscar “pistas” onde não existe.

CG: Roraima parece definida por dois aspectos conflitantes: por um lado é um exemplo para o restante do país quando se trata de inclusão e educação indígena. Por outro, o conflito pela disputa das terras e sobre a importância do cultivo do arroz na economia do Estado parece não ter fim. Como você aborda estes temas como editor-chefe do maior jornal do Estado e descendente de índios?
JS: Há regras a serem seguidas, como ouvir as duas partes e dar o mesmo destaque às versões que surgirem. Essa questão de ser índio para tratar questão indígena seria o mesmo que indagar se um homossexual teria isenção para escrever sobre homossexualismo ou um homem tratar do Dia Internacional da Mulher. Preconceito? Talvez.
As pessoas fazem uma confusão infantil sobre minha posição como editor-chefe e com os meus artigos publicados na página de Opinião, onde escrevo muito antes de ser contratado pela Folha.
Como editor-chefe, sigo regras, obedeço ordens e sou responsável por enquadrar o jornal na linha editorial e nas técnicas jornalísticas. Como articulista que emite opinião, lá ponho minhas ideias pessoais, como pessoa física, algumas vezes destoando da posição do jornal, principalmente com relação à questão indígena.
O conflito existe na cabeça das pessoas que não conhecem a estrutura de um jornal ou de mentes que gostam de arquitetar teoria da conspiração. O jornalismo é técnica e regras, e eu obedeço as regras do jogo. Se na página de Opinião esta escrito lá embaixo que as opiniões ali emitidas não refletem necessariamente a posição do jornal, então quer dizer que eu não posso emitir minha opinião pessoal? Ou terei que abdicar dos meus pensamentos e posições, negando minha identidade como cidadão, e adotar para sempre o crachá da Folha e o sotaque do patrão, como fazem muitos por aí?

CG: Como sua herança indígena influencia seus artigos e matérias?
JS: Eu mesmo me julgo “impedido” de produzir qualquer matéria sobre a questão indígena porque não me interessa escrever matérias sobre o assunto.
Mas essa isenção apregoada nos bancos da faculdade não existe em qualquer tipo de matéria, porque cada pessoa quando vai escrever ou produzir algo já está editando, ou seja, escolhendo pontos de vistas, abordagem, omitindo o que ele acha que não é importante e escrevendo o que considera essencial. Isso é edição, que é construída por valores pessoais, pontos de vistas pessoais, cultura, preconceitos ou não.
Um repórter pode omitir informações importantes numa matéria ou não conseguir enxergar outros igualmente importantes porque não teve capacidade de ver, por causa de seu filtro pessoal e íntimo, ou por pura maldade.
Com relação a artigos, a origem indígena influencia tudo. Escrevo com conhecimento de causa e sem problema ou medo de ser contestado e confrontado ou ridicularizado. Escrevo para isso mesmo: para polemizar, para conscientizar, para abrir mentes, para perturbar mentes acostumadas a só ver um ângulo e a filtrar suas visões com preconceitos e racismo. Mas não escrevo com rancor. Escrevo com o coração.

CG: Qual o maior desafio em exercer o jornalismo num lugar como o Estado de Roraima?
JS: A diferença é que Roraima é um Estado pequeno, onde o governo é presente em tudo e a principal e às vezes a única fonte de renda de pessoas, empresas e empreendimentos, entre eles veículos de comunicação.
Então é preciso jogo de cintura, perspicácia, coragem de se indispor (sabendo que se você quiser benefícios e benevolência não os terá no governo) e principalmente uma vigilância profissional constante para que você não cometa erros primários a fim de comprometer sua credibilidade.

CG: Quais as características essenciais para um bom jornalista nos dias de hoje?
JS: Disciplina, muita leitura, conhecimento profundo das forças que movem a engrenagem social e política. E principalmente conhecimento pleno da cidadania e das necessidades básicas da sociedade. Jornal que não pensa em cidadania é qualquer coisa, menos imprensa.

CG: Quais dicas você daria a quem esta adentrando o mundo da comunicação?
JS: Que sejam despidos de inocência intelectual, que tenham visão aguçada para perceber o que os outros seres “normais” não conseguem enxergar e muita determinação para não sucumbir no primeiro obstáculo. E os obstáculos são muitos, como a “síndrome do Barrichello”, se é que vocês me entendem.

Para saber mais:
Folha de Boa Vista
Pajuaru - Um blog sem arrodeio sobre Roraima.
Entrevista para o site Jota7

Agradecimento: Jessé Souza

Culpada: Rejoice Sunshine Strauss

Que jornalista você quer ser quando crescer?

Embora dez anos nos separem da 1ª edição do Tirania da Comunicação, de Ignacio Ramonet, o tema não poderia ser mais atual. Com previsões incisivamente corretas, como a consulta à mídia e conteúdo jornalístico através do correio eletrônico e dos telefones celulares, o livro traz uma crítica feroz ao imediatismo buscado pelos meios de comunicação, em especial a televisão, acusando-a de ser uma “mídia da simplicidade”.

Com a constatação de que “informar-se é cansativo", Ramonet incita a reflexão sobre o papel que cabe, não apenas aos futuros jornalistas, mas também ao espectador/receptor da informação.

Pela sua relevância (e seu peso na prova), os professores do módulo de História do Jornalismo marcaram uma discussão do livro para a próxima quarta-feira, 10 de junho, em sala de aula. Quem ainda não leu, ainda está em tempo. É possível fazer o download do livro aqui e aqui.


O debate é dirigido aos alunos da turma do 1º semestre, manhã 2, do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo.

A Tirania da Comunicação. RAMONET, Ignacio. Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
Sobre o autor: Ignacio Ramonet nasceu na Galícia, em 1943. É diretor, em Paris, do Le Monde Diplomatique. Especialista em geopolítica e estratégia internacional, é professor de Teoria da Comunicação na Universidade Denis Diderot de Paris. Ramonet é doutor em Semiologia e História da Cultura pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, onde foi aluno de Roland Barthes. É um dos fundadores da Attac e membro do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial.
Fonte: Livraria Cultura

Culpada: Rejoice Sunshine Strauss

O Jornalismo é Sensacional

Diariamente, basta dar uma olhada nos canais abertos de televisão, geralmente no começo e no final da tarde, para se deparar com programas onde os apresentadores opinam sobre as notícias e acabam se tornando referência de credibilidade e opinião para seus telespectadores. José Luis Datena, Geraldo Luís, Carlos Massa (Ratinho), Wagner Montes, entre outros, são “jornalistas” que caíram no gosto popular e abordam as notícias de maneira diferenciada, muitas vezes com coberturas super-detalhadas de casos que geram polêmica. A grande questão é: alguns telejornais tratam os fatos com um nível de sensacionalismo excessivo, ou estas notícias são mesmo tão sensacionais que merecem ter tamanho destaque?

O modelo de telejornal onde os apresentadores são participativos surgiu com o “Aqui Agora”, que teve sua primeira versão em 1991, no SBT. Baseado no slogan "um jornal vibrante, uma arma do povo, que mostra na TV a vida como ela é!”, utilizado em um programa homônimo da TV Tupi, o “Aqui Agora” se destacava por exibir manchetes escandalosas sobre as notícias e chegou até a ter o boxeador Maguila como comentarista de economia.

Desde então, surgiram muitos programas jornalísticos e de variedades que utilizaram recursos semelhantes para buscar uma relação mais próxima com a notícia e com os telespectadores. Lembrando que não dá para generalizar jornalistas como pertencentes a um único estilo de apresentação, cada um tem suas particularidades e é isso que os fez chegar aonde estão.

O “Brasil Urgente”, que vai ao ar de segunda a sexta na Band, conta com José Luis Datena para exibir as notícias mais polêmicas da semana. O apresentador sempre opina sobre os assuntos e tenta buscar possíveis soluções para os problemas que são apresentados. Datena, que começou com locutor esportivo, teve um programa parecido na Rede Record, o “Cidade Alerta”. E por falar em Record, o “Balanço Geral” é a atual arma da emissora para abordar fatos “relevantes” e histórias curiosas, transmitido diariamente e com apresentadores e notícias diferentes em cada região do país. Na Grande São Paulo, o jornalista Geraldo Luís comandou a atração durante quase um ano e meio, onde contava histórias como a do “Burro Zangado” e a do “Pica-Pau”. Atualmente, Wagner Montes comanda o programa, sendo mais um exemplo de apresentador que busca intimidade com quem o assiste.

E, nesse grupo de personalidades, não podia faltar o Ratinho, apresentador que após muito tempo inativo, voltou ao ar com a nova versão do “Programa do Ratinho”, que teve entre 1998 e 2006 momentos de grande audiência, sendo um programa de variedades que cobria de casos policiais a testes de DNA, passando por atrações bizarras com comentários incríveis do boneco Xaropinho. Ratinho começou sua carreira como repórter policial de um programa chamado “Cadeia”.

A intenção desse post não é julgar a qualidade dessas atrações, muito menos fazer um perfil destes jornalistas, mas sim apontar este estilo de programa como um dos mais importantes para a divulgação das notícias para um público que tem na televisão sua principal fonte de informação. Com isso, a importância da abordagem dos fatos é essencial, já que se o Geraldo Luís falar três semanas seguidas sobre o assassinato da menina Isabella, é isso que o povo vai comentar na rua. Muitos casos são divulgados à exaustão, as vezes sem novas informações, provavelmente por dar mais ibope. Nesses casos, o sensacionalismo é inevitável.

Sinceramente, não assisto à este tipo de programa, porque não me sinto bem ao ver, por exemplo, o apresentador Ratinho levando a platéia ao delírio quando critica um governante. Apesar de não ser um fã dessa turma, acredito que o poder que estes jornalistas possuem para influenciar os telespectadores pode e às vezes é utilizado de forma positiva. Abordar as notícias de uma maneira mais escandalosa é um ótimo recurso para tentar evitar que as pessoas não dêem as costas para o que aconteceu. Outra coisa admirável é o carisma das personalidades citadas e algumas outras, como o mestre em jornalismo investigativo Gil Gomes. Bordões como “balança São Paulo!”, “aqui tem café no bule!” e “escracha!” caíram no gosto popular.

Então um brinde ao sensacionalismo? Ainda não. Como um mero aspirante à jornalista, não ouso criticar esses ícones da televisão só porque não “fazem” meu estilo, mas acho que este recurso se torna desgastante para o telespectador que se interessa por várias notícias ao invés de uma só nos mínimos e às vezes irrelevantes detalhes. Quem sabe no futuro eu mude de opinião, e até apareça apresentando uma atração nos moldes das que mencionei aqui. Tudo bem, estou “sonhando” alto. Mas já vou pensando no meu bordão.



Fontes:
Wikipedia
Youtube
SBT
Band

Fonte da imagem

Culpado: Henrique Mathias

Entrevista: Helder Horikawa

O Jornal Nippo-Brasil, antigo Notícias do Japão, é o maior jornal sobre a comunidade japonesa. Feito para leitores interessados nessa cultura, o impresso atende, de forma completa, todas as necessidades do público tanto no Brasil como no Japão.
Além disso, é o único jornal que dedica espaço ao evento migratório vivido pelo Brasil, envolvendo cerca de 260 mil nipo-brasileiros que estão trabalhando no Japão (dekasseguis), que são responsáveis pela remessa anual para o Brasil de aproximadamente 2,5 bilhões de dólares.
Para quem não sabe, dekassegui é o trabalhador que deixa sua terra natal para trabalhar temporariamente em outra região ou país.

Recentemente o “Culpa do Guto” teve a oportunidade de entrevistar o jornalista e editor-chefe do Jornal Nippo-Brasil, Helder Horikawa.

Confira.

Culpa do Guto: Por causa da crise econômica mundial, uma grande quantidade de dekasseguis está abandonando o Japão e retornando ao Brasil em busca de melhores condições de vida e de trabalho. Qual é o papel da Imprensa nesse assunto?
Helder Horikawa: Desde que a crise estourou no Japão, afetando diretamente os trabalhadores brasileiros, especialmente os temporários, procuramos acompanhar atentamente tudo o que acontece com a comunidade estabelecida por lá. Mais do que simplesmente noticiarmos as tragédias familiares e pessoais, resolvemos amparar esse público que volta ao Brasil com matérias de orientação e serviços. A grande imprensa, de uma maneira geral, se ampara nos noticiários sobre desemprego e seus trágicos impactos nos brasileiros, o que deu a falsa impressão de que toda nossa comunidade está passando por sérias dificuldades . Mas a verdade é que é minoria o número de brasileiros vivendo nesse cenário de penúria como a mídia tem retratado.

CG: No dia 5 de março, você participou do ciclo de palestras Ciate Itinerante realizadas pelo Centro de Informação e Apoio ao Trabalhador no Exterior (Ciate) sobre a empregabilidade do ex-dekassegui no Brasil. Quais as principais dificuldades que ele enfrenta para trabalhar no Brasil?
HH: O brasileiro que volta do Japão é um trabalhador que ficou, em média, dois a três anos fora do país. Ele retorna desinformado e com poucas expectativas de encontrar uma reposição no mercado a curto prazo. Em média, o ex-dekassegui demora cerca de três a quatro meses para encontrar emprego por aqui (é uma estatística do Grupo Nikkei de Promoção Humana). Essa dificuldade é gerada pela falta de experiência e a baixa qualificação de muitos deles. Assim, tem muita gente "aceitando qualquer coisa". Mas o caminho para a retomada da vida no Brasil não é bem assim.

CG: Há diferenças impactantes entre o Japão e o Brasil na maneira como os jornalistas abordam as notícias, sejam elas pelo rádio, televisão, jornal impresso ou internet?
HH: Como mencionei anteriormente, como editor de um semanário destinado à comunidade japonesa, que sempre retratou o fenômeno dekassegui, nosso olhar jornalístico é, neste momento de crise, mais focado em ações de orientação e serviços. Isso, porém, não significa que o noticiário do dia-a-dia, em especial das dificuldades, não seja retratado semanalmente. Mas é que a grande mídia, seja TV, jornal ou internet, tem uma visão de "notícia pura". Assim, dizer que brasileiro vive nas ruas de Tóquio não é novidade para nossa redação. Mas isso, certamente, é notícia para a grande imprensa.

CG: Podemos notar que há cada vez mais jovens nas redações de jornais. Isso também acontece no jornal Nippo-Brasil?
HH: Temos uma redação, de fato, bastante jovem. Alguns recém-saídos da universidade, outros ainda em curso. Isso é bom, porque o jovem é, apesar da inexperiência, arrojado, vai atrás da notícia mesmo. E assim deve ser.

CG: Por que você decidiu se tornar jornalista? Quais são suas metas na profissão?
HH: A escolha pela profissão ocorreu de forma natural. Sempre fui muito elogiado nas redações nos tempos de colégio, adorava leitura, e comunicação, na prática, sempre foi meu forte. Minhas metas? Crescer ainda mais profissionalmente e ampliar meus conhecimentos. Em qualquer profissão, vivemos aprendendo todos os dias. No jornalismo essa sensação é ainda mais latente. Em início de carreira fazemos de tudo um pouco. Eu, por exemplo, passei por todas as editorias, de comunidade à esportes, passando pela música.

CG: Quais são as características essenciais para um bom jornalista?
HH: Perseverança, olhar clínico para um fato e cultivar sempre as suas melhores fontes. Costumo dizer sempre aos meus jornalistas de que esses fatores são indispensáveis à profissão.


Entenda melhor a situação dos dekasseguis assistindo à reportagem do Globo Repórter que foi ao ar dia 01 de maio de 2009.



Fontes:
Primeira Página: 13 a 19 de Agosto de 2008
Informações: Jornal Nippo-Brasil
Wikipedia

Culpadas:
Amanda Pás
Beatriz Ferrete

Agradecimento:
Helder Horikawa