O Jornalismo é Sensacional

Diariamente, basta dar uma olhada nos canais abertos de televisão, geralmente no começo e no final da tarde, para se deparar com programas onde os apresentadores opinam sobre as notícias e acabam se tornando referência de credibilidade e opinião para seus telespectadores. José Luis Datena, Geraldo Luís, Carlos Massa (Ratinho), Wagner Montes, entre outros, são “jornalistas” que caíram no gosto popular e abordam as notícias de maneira diferenciada, muitas vezes com coberturas super-detalhadas de casos que geram polêmica. A grande questão é: alguns telejornais tratam os fatos com um nível de sensacionalismo excessivo, ou estas notícias são mesmo tão sensacionais que merecem ter tamanho destaque?

O modelo de telejornal onde os apresentadores são participativos surgiu com o “Aqui Agora”, que teve sua primeira versão em 1991, no SBT. Baseado no slogan "um jornal vibrante, uma arma do povo, que mostra na TV a vida como ela é!”, utilizado em um programa homônimo da TV Tupi, o “Aqui Agora” se destacava por exibir manchetes escandalosas sobre as notícias e chegou até a ter o boxeador Maguila como comentarista de economia.

Desde então, surgiram muitos programas jornalísticos e de variedades que utilizaram recursos semelhantes para buscar uma relação mais próxima com a notícia e com os telespectadores. Lembrando que não dá para generalizar jornalistas como pertencentes a um único estilo de apresentação, cada um tem suas particularidades e é isso que os fez chegar aonde estão.

O “Brasil Urgente”, que vai ao ar de segunda a sexta na Band, conta com José Luis Datena para exibir as notícias mais polêmicas da semana. O apresentador sempre opina sobre os assuntos e tenta buscar possíveis soluções para os problemas que são apresentados. Datena, que começou com locutor esportivo, teve um programa parecido na Rede Record, o “Cidade Alerta”. E por falar em Record, o “Balanço Geral” é a atual arma da emissora para abordar fatos “relevantes” e histórias curiosas, transmitido diariamente e com apresentadores e notícias diferentes em cada região do país. Na Grande São Paulo, o jornalista Geraldo Luís comandou a atração durante quase um ano e meio, onde contava histórias como a do “Burro Zangado” e a do “Pica-Pau”. Atualmente, Wagner Montes comanda o programa, sendo mais um exemplo de apresentador que busca intimidade com quem o assiste.

E, nesse grupo de personalidades, não podia faltar o Ratinho, apresentador que após muito tempo inativo, voltou ao ar com a nova versão do “Programa do Ratinho”, que teve entre 1998 e 2006 momentos de grande audiência, sendo um programa de variedades que cobria de casos policiais a testes de DNA, passando por atrações bizarras com comentários incríveis do boneco Xaropinho. Ratinho começou sua carreira como repórter policial de um programa chamado “Cadeia”.

A intenção desse post não é julgar a qualidade dessas atrações, muito menos fazer um perfil destes jornalistas, mas sim apontar este estilo de programa como um dos mais importantes para a divulgação das notícias para um público que tem na televisão sua principal fonte de informação. Com isso, a importância da abordagem dos fatos é essencial, já que se o Geraldo Luís falar três semanas seguidas sobre o assassinato da menina Isabella, é isso que o povo vai comentar na rua. Muitos casos são divulgados à exaustão, as vezes sem novas informações, provavelmente por dar mais ibope. Nesses casos, o sensacionalismo é inevitável.

Sinceramente, não assisto à este tipo de programa, porque não me sinto bem ao ver, por exemplo, o apresentador Ratinho levando a platéia ao delírio quando critica um governante. Apesar de não ser um fã dessa turma, acredito que o poder que estes jornalistas possuem para influenciar os telespectadores pode e às vezes é utilizado de forma positiva. Abordar as notícias de uma maneira mais escandalosa é um ótimo recurso para tentar evitar que as pessoas não dêem as costas para o que aconteceu. Outra coisa admirável é o carisma das personalidades citadas e algumas outras, como o mestre em jornalismo investigativo Gil Gomes. Bordões como “balança São Paulo!”, “aqui tem café no bule!” e “escracha!” caíram no gosto popular.

Então um brinde ao sensacionalismo? Ainda não. Como um mero aspirante à jornalista, não ouso criticar esses ícones da televisão só porque não “fazem” meu estilo, mas acho que este recurso se torna desgastante para o telespectador que se interessa por várias notícias ao invés de uma só nos mínimos e às vezes irrelevantes detalhes. Quem sabe no futuro eu mude de opinião, e até apareça apresentando uma atração nos moldes das que mencionei aqui. Tudo bem, estou “sonhando” alto. Mas já vou pensando no meu bordão.



Fontes:
Wikipedia
Youtube
SBT
Band

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Culpado: Henrique Mathias

Um comentário:

  1. Muito boa essa sua abordagem sobre os jornais sensacionalistas, eu sou da época do famoso "aqui e agora" e posso dizer que mesmo as pessoas mais críticas ao programa, elas sempre davam uma olhadinha para saber o que havia acontecido no dia anterior.

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