Entrevista: Helder Horikawa

O Jornal Nippo-Brasil, antigo Notícias do Japão, é o maior jornal sobre a comunidade japonesa. Feito para leitores interessados nessa cultura, o impresso atende, de forma completa, todas as necessidades do público tanto no Brasil como no Japão.
Além disso, é o único jornal que dedica espaço ao evento migratório vivido pelo Brasil, envolvendo cerca de 260 mil nipo-brasileiros que estão trabalhando no Japão (dekasseguis), que são responsáveis pela remessa anual para o Brasil de aproximadamente 2,5 bilhões de dólares.
Para quem não sabe, dekassegui é o trabalhador que deixa sua terra natal para trabalhar temporariamente em outra região ou país.

Recentemente o “Culpa do Guto” teve a oportunidade de entrevistar o jornalista e editor-chefe do Jornal Nippo-Brasil, Helder Horikawa.

Confira.

Culpa do Guto: Por causa da crise econômica mundial, uma grande quantidade de dekasseguis está abandonando o Japão e retornando ao Brasil em busca de melhores condições de vida e de trabalho. Qual é o papel da Imprensa nesse assunto?
Helder Horikawa: Desde que a crise estourou no Japão, afetando diretamente os trabalhadores brasileiros, especialmente os temporários, procuramos acompanhar atentamente tudo o que acontece com a comunidade estabelecida por lá. Mais do que simplesmente noticiarmos as tragédias familiares e pessoais, resolvemos amparar esse público que volta ao Brasil com matérias de orientação e serviços. A grande imprensa, de uma maneira geral, se ampara nos noticiários sobre desemprego e seus trágicos impactos nos brasileiros, o que deu a falsa impressão de que toda nossa comunidade está passando por sérias dificuldades . Mas a verdade é que é minoria o número de brasileiros vivendo nesse cenário de penúria como a mídia tem retratado.

CG: No dia 5 de março, você participou do ciclo de palestras Ciate Itinerante realizadas pelo Centro de Informação e Apoio ao Trabalhador no Exterior (Ciate) sobre a empregabilidade do ex-dekassegui no Brasil. Quais as principais dificuldades que ele enfrenta para trabalhar no Brasil?
HH: O brasileiro que volta do Japão é um trabalhador que ficou, em média, dois a três anos fora do país. Ele retorna desinformado e com poucas expectativas de encontrar uma reposição no mercado a curto prazo. Em média, o ex-dekassegui demora cerca de três a quatro meses para encontrar emprego por aqui (é uma estatística do Grupo Nikkei de Promoção Humana). Essa dificuldade é gerada pela falta de experiência e a baixa qualificação de muitos deles. Assim, tem muita gente "aceitando qualquer coisa". Mas o caminho para a retomada da vida no Brasil não é bem assim.

CG: Há diferenças impactantes entre o Japão e o Brasil na maneira como os jornalistas abordam as notícias, sejam elas pelo rádio, televisão, jornal impresso ou internet?
HH: Como mencionei anteriormente, como editor de um semanário destinado à comunidade japonesa, que sempre retratou o fenômeno dekassegui, nosso olhar jornalístico é, neste momento de crise, mais focado em ações de orientação e serviços. Isso, porém, não significa que o noticiário do dia-a-dia, em especial das dificuldades, não seja retratado semanalmente. Mas é que a grande mídia, seja TV, jornal ou internet, tem uma visão de "notícia pura". Assim, dizer que brasileiro vive nas ruas de Tóquio não é novidade para nossa redação. Mas isso, certamente, é notícia para a grande imprensa.

CG: Podemos notar que há cada vez mais jovens nas redações de jornais. Isso também acontece no jornal Nippo-Brasil?
HH: Temos uma redação, de fato, bastante jovem. Alguns recém-saídos da universidade, outros ainda em curso. Isso é bom, porque o jovem é, apesar da inexperiência, arrojado, vai atrás da notícia mesmo. E assim deve ser.

CG: Por que você decidiu se tornar jornalista? Quais são suas metas na profissão?
HH: A escolha pela profissão ocorreu de forma natural. Sempre fui muito elogiado nas redações nos tempos de colégio, adorava leitura, e comunicação, na prática, sempre foi meu forte. Minhas metas? Crescer ainda mais profissionalmente e ampliar meus conhecimentos. Em qualquer profissão, vivemos aprendendo todos os dias. No jornalismo essa sensação é ainda mais latente. Em início de carreira fazemos de tudo um pouco. Eu, por exemplo, passei por todas as editorias, de comunidade à esportes, passando pela música.

CG: Quais são as características essenciais para um bom jornalista?
HH: Perseverança, olhar clínico para um fato e cultivar sempre as suas melhores fontes. Costumo dizer sempre aos meus jornalistas de que esses fatores são indispensáveis à profissão.


Entenda melhor a situação dos dekasseguis assistindo à reportagem do Globo Repórter que foi ao ar dia 01 de maio de 2009.



Fontes:
Primeira Página: 13 a 19 de Agosto de 2008
Informações: Jornal Nippo-Brasil
Wikipedia

Culpadas:
Amanda Pás
Beatriz Ferrete

Agradecimento:
Helder Horikawa

2 comentários:

  1. "Cúmplices", adorei a entrevista,... isso é uma coisa que ainda falta no nosso blog! Parabéns!

    Amanda
    a_nota_m2.livejournal.com

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  2. Parabéns pela entrevista, ficou muito bom

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