Bom, acho que já deu pra notar que estamos de férias. Enquanto um intervalo faz bem ao corpo e areja a mente, também permite que busquemos leituras prazerosas. Afinal de contas, logo logo estaremos de volta ao dever do bom estudante, focados nos livros da faculdade.
Para quem ainda está em dúvida do que ler neste tempo livre, os Cúmplices do Guto compilaram algumas sugestões:
Amanda Pás recomendaFeliz Ano Velho, de Marcelo Rubens Paiva, que conta a história do autor quando sofreu um acidente que o deixou tetraplégico. Imagine só um jovem de classe média alta, mulherengo e estudante da Unicamp nesta situação? No decorrer do livro o autor conta a história da vida dele depois do acidente e relembra vários fatos marcantes. Um exemplo é a história de Rubens Paiva (pai de Marcelo) que foi vítima da ditadura e que até hoje está "desaparecido".
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Beatriz Ferrete está lendo A Ordem do Discurso, de Michel Foucault. Segundo ela, seu professor de técnicas de redação jornalística lhe disse ser ótimo para complementar as aulas.
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Henrique Mathias nos dá ótimas referências de A Confraria dos Espadas, de Rubem Fonseca. Contendo oito contos que giram em torno do prazer e/ou da morte. Com um humor bem diferente do convenional, as histórias acontecem de um "jeito meio 'trash'", imprevisível. Uma leitura leve e dinâmica.
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Para uma leitura menos convencional, Rejoice Strauss recomenda Gourmet, escrito por Jiro Taniguchie ilustrado por Masayuki Kusumi. O mangá segue um vendedor pelas ruas do Japão, retratando fielmente os costumes e os pratos típicos da culinária local. Com um glossário, é uma leitura que abre o apetite e a mente.
O CulpaDoGuto volta daqui a algumas semanas, junto com as aulas. Até breve!
Culpados: Amanda Pas Beatriz Ferrete Henrique Mathias Rejoice Sunshine Strauss
Todos os dias, jornalistas do mundo inteiro dedicam cada minuto de suas vidas para escrever uma boa matéria. Perdem horas de sono, não se alimentam e não descansam a fim de escrever um bom texto, ora explicando os acontecimentos do dia, ora expondo opiniões para instigar a visão crítica dos leitores. Quando desligam o computador, achando que o dever do dia está cumprido, a cabeça continua pensando, escrevendo títulos, leads, crônicas, colunas, notícias (nossa, que bagunça!) no plano imaginário. Eles nunca têm o sentimento de dever cumprido. “A vida não é vida. É sempre texto. É sempre contexto. É sempre texto.” (João Pereira Coutinho, “Contra os Colunistas” - Folha de S.Paulo)
Entretanto, a necessidade doentia de escrever e partilhar informações persiste nos jornalistas. Eles sentem que a vida não faz sentido sem palavras, sem textos. Amam os jornais e o jornalismo com a ingenuidade própria dos verdadeiros amantes. E tem que amar mesmo, porque ser jornalista não é tarefa fácil. É necessário muito estudo, compenetração e amor à profissão. Muito amor sim, porque, se pararmos para pensar, jornalistas perdem horas de sono, não se alimentam e não descansam a fim de escrever um bom texto no jornal, para ser lido em um instante no café da manhã, para criar opiniões em pessoas anônimas, para fazer papel machê, para cobrir o assoalho em dia de pintura, ou ainda para forrar o banheiro do gato.
Seguem abaixo mais algumas dicas do que você pode fazer com o seu papel-jornal depois da leitura. Obrigada pela atenção, e encerro aqui o meu texto, indignada com o destino final dos textos jornalísticos e, mais indignada ainda, com a minha situação de estudante, afinal, apesar de saber de todas essas verdades, eu continuo estudando e amando o Jornalismo. Estudantes, focas e jornalistas propriamente ditos, continuem perdidamente apaixonados pelo jornal, pois, de uma forma ou de outra, o mundo precisa dele.
DECORE SUA CASA COM ARTESANATOS ECOLÓGICOS
ENTRE NA MODA COM BOLSAS ESTAMPADAS
UNA A TECNOLOGIA À RECICLAGEM
PROTEJA-SE DO SOL COM ESTA SOMBRINHA (só não vale chover)
Se acreditarmos em tudo que lemos por aí, teremos por certo que o Rock morreu há uns 50 anos. E o jornalismo impresso há pelo menos dez. A revolução digital é notícia antiga, assim como outras que vieram e anunciaram: O impresso morreu! Disseram que não sobreviveria ao cinema falado. Nem ao rádio, nem à TV, e muito menos ao videocassete.
Mas aí está ele. Agonizante, é certo. Mas ainda aí. Tantas vezes se reinventou, mudou, aperfeiçoou-se, descobriu em tempo o que seu consumidor precisava. Os jornalistas esperam ansiosos para ver qual será o próximo avanço, tal qual herói de quadrinhos que surge no último instante para salvar o dia. Porque, assim como o menino que gritou lobo, não conseguimos mais acreditar que é o fim. É o fim. Porque o consumidor assim decreta, e porque o modelo que o jornalismo “impresso” criou, nos últimos 14 anos, é impossível de sustentar. Querem colocar a culpa no Google. Querem pôr a culpa nos jovens, que “não tem mais a capacidade de concentração que o impresso requer”. Besteira. Um modelo que se baseia somente em anunciantes para gerar renda e acredita que pode continuar alimentando o internauta com conteúdo gratuito e descartável é auto-sabotagem.
Há também aqueles que argumentam que esta mídia como um todo é obsoleta. Talvez seja. Pois ao se falar em grande público, nas classes C e D, naqueles que não consomem conteúdo digital, tem que se entender que esta maioria não consome o JORNAL. Usam de revistas de variedades, programas de rádio, telejornais. Mas aos olhos do povo, o jornal impresso, 200 anos depois, ainda é elitista.
Indiscutível é o fato de que é nossa responsabilidade, como futuros jornalistas, de tomar consciência do nosso verdadeiro papel, e continuar a reinventar o gênero, para que sobreviva. Informação de qualidade, que provoca a reflexão, requer pessoas treinadas e remuneradas para fazer um bom trabalho. Resta encontrar maneiras simples, e eco-sustentáveis, de fazer com que o público volte a pagar por isso.
O CulpaDoGuto entrevistou Jessé Souza, editor-chefe da Folha de Boa Vista, por e-mail, considerando os mais de 3000km de distância entre a capital de Roraima e a Grande São Paulo. Confira abaixo!
Clique na imagem para ler a entrevista na íntegra.
CG: Há quem diga que jornalista não precisa ser diplomado e, ao mesmo tempo, muitos dizem que o diploma é necessário. Qual a sua opinião no momento? JS:Ser bom jornalista independe do canudo ou não. Há péssimos profissionais formados que acabam sendo preteridos obviamente nas redações, enquanto os não-diplomados só conseguem um lugar ao sol se mostrarem que realmente são bons ou dentro da média. Os ruins, diplomados ou não, serão ceifados primeiro no crivo do leitor-telespectador-ouvinte, depois na caneta dos editores. A regra de mercado é óbvia: nenhum patrão da mídia vai deixar em seus quadros de profissionais um jornalista que não lhe dê lucros (ou na visão romântica: que cumpram bem a arte do jornalismo com zelo e responsabilidade), que não tenha leitores-telespectadores-ouvinte, que não alavanque Ibope.
CG: Podemos notar que há cada vez mais jovens nas redações de jornais. Isso também acontece na Folha de Boa Vista? Você acha benéfico? JS:Os cursos de Comunicação estão jogando no mercado de trabalho cada vez mais um maior número de jornalistas formados, boa parte deles jovens que acham que jornalismo é para ficar famoso e rico. Alguns deles saem despreparados e com uma visão romântica até demais sobre a profissão, por isso a maioria não consegue ocupar um lugar no mercado. E a culpa não é exclusiva deles, mas das universidades que não estão preparadas para construir uma ponte no fosso que existe entre o mundo acadêmica e a vida prática das redações do jornal. No entanto, os que conseguem passar nessa peneira têm dado um oxigênio novo às redações, pois eles vêm com a proposta de resgatar o idealismo que o jornalismo tem perdido. E isso é bom, porque o jornalismo mercenário e relapso não pode mais sobreviver ou ganhar mais força. Na Folha de Boa Vista esta realidade é latente. A atual turma é recém-formada ou ainda está concluindo o curso de jornalismo. São jovens que precisam de amadurecimento, mas que já estão aprendendo a caminhar com as próprias pernas e com nova mentalidade de fazer um bom jornalismo.
CG: Muitos acham que jornalistas devem relatar igualmente os dois lados de um fato. Você concorda? Existe jornalismo imparcial? JS:Não é que questão de “achar”, é regra básica do jornalismo e o sagrado direito de partes opostas de ocuparem o mesmo espaço. A parcialidade ou imparcialidade do jornalismo não cabe nessa regra básica de privilegiar uns e outros não. Não existe imparcialidade em qualquer jornal do mundo, porque só o fato de um jornal ir para as ruas ou para o ar significa que houve uma grande edição com olhares de quem acha que é aquilo que o público quer ler ou ouvir. Jornalismo é um comércio como qualquer outro, só que seu produto é a notícia. E jamais existirá imparcialidade plena quando está em jogo a sobrevivência financeira da empresa. Muitas vezes paga-se para não ser divulgadas certas matérias, em vez de manipular uma matéria que foi ao ar ou saiu impressa. O poder da comunicação também está em não divulgar. O repórter quando produz uma matéria, embora use todas as técnicas da imparcialidade, já usou seus filtros inerentes à pessoa humana, e isso é parcialidade. A imparcialidade é uma busca pela verdade, e a verdade absoluta não existe, ou seja, cada um tem sua verdade, sua forma de ver, sua forma de editar o mundo. Cada um de nós, seres humanos, somos editores parciais do mundo.
CG: Em entrevista ao site J7, você disse que uma das situações mais engraçadas e difíceis que enfrentou foi quando fez uma entrevista com uma liderança empresarial por telefone. Ela disse que iria recorrer ao Superior Tribunal Federal e no dia seguinte você descobriu que havia ligado para o número errado e que se tratrava de um trote. Como você checa suas fontes para saber se elas são realmente honestas? JS:Esse episódio ocorreu na pressa do fechamento e quando celular era raridade e assessorias de comunicação quase não existiam. Hoje há várias formas de checar as informações, entre elas a internet (MSN, por exemplo). Mas checar sempre será um desafio, porque quem dá entrevista nem sempre poderá ser encontrado depois, seja por telefone ou por meio de outro recurso. E nessa hora é que as assessorias são imprescindíveis.
CG: Nesta mesma entrevista, você relatou um trabalho investigativo com o então repórter-fotográfico Nonato Sousa de como havia descoberto o escândalo da morte dos bebês na maternidade. Como é trabalhar com investigação? JS:Investigar não é fácil, porque não se aprende isso nos bancos das faculdades nem se consegue essa prática do nada, sem ter experiência. Mas foi um faro de repórter afoito. A técnica de investigar deve ser muito mais acurada do que a técnica de reportagem, porque na investigação você não vai apenas perguntar, você vai montar um quebra-cabeça e buscar “pistas” onde não existe.
CG: Roraima parece definida por dois aspectos conflitantes: por um lado é um exemplo para o restante do país quando se trata de inclusão e educação indígena. Por outro, o conflito pela disputa das terras e sobre a importância do cultivo do arroz na economia do Estado parece não ter fim. Como você aborda estes temas como editor-chefe do maior jornal do Estado e descendente de índios? JS:Há regras a serem seguidas, como ouvir as duas partes e dar o mesmo destaque às versões que surgirem. Essa questão de ser índio para tratar questão indígena seria o mesmo que indagar se um homossexual teria isenção para escrever sobre homossexualismo ou um homem tratar do Dia Internacional da Mulher. Preconceito? Talvez. As pessoas fazem uma confusão infantil sobre minha posição como editor-chefe e com os meus artigos publicados na página de Opinião, onde escrevo muito antes de ser contratado pela Folha. Como editor-chefe, sigo regras, obedeço ordens e sou responsável por enquadrar o jornal na linha editorial e nas técnicas jornalísticas. Como articulista que emite opinião, lá ponho minhas ideias pessoais, como pessoa física, algumas vezes destoando da posição do jornal, principalmente com relação à questão indígena. O conflito existe na cabeça das pessoas que não conhecem a estrutura de um jornal ou de mentes que gostam de arquitetar teoria da conspiração. O jornalismo é técnica e regras, e eu obedeço as regras do jogo. Se na página de Opinião esta escrito lá embaixo que as opiniões ali emitidas não refletem necessariamente a posição do jornal, então quer dizer que eu não posso emitir minha opinião pessoal? Ou terei que abdicar dos meus pensamentos e posições, negando minha identidade como cidadão, e adotar para sempre o crachá da Folha e o sotaque do patrão, como fazem muitos por aí?
CG: Como sua herança indígena influencia seus artigos e matérias? JS:Eu mesmo me julgo “impedido” de produzir qualquer matéria sobre a questão indígena porque não me interessa escrever matérias sobre o assunto. Mas essa isenção apregoada nos bancos da faculdade não existe em qualquer tipo de matéria, porque cada pessoa quando vai escrever ou produzir algo já está editando, ou seja, escolhendo pontos de vistas, abordagem, omitindo o que ele acha que não é importante e escrevendo o que considera essencial. Isso é edição, que é construída por valores pessoais, pontos de vistas pessoais, cultura, preconceitos ou não. Um repórter pode omitir informações importantes numa matéria ou não conseguir enxergar outros igualmente importantes porque não teve capacidade de ver, por causa de seu filtro pessoal e íntimo, ou por pura maldade. Com relação a artigos, a origem indígena influencia tudo. Escrevo com conhecimento de causa e sem problema ou medo de ser contestado e confrontado ou ridicularizado. Escrevo para isso mesmo: para polemizar, para conscientizar, para abrir mentes, para perturbar mentes acostumadas a só ver um ângulo e a filtrar suas visões com preconceitos e racismo. Mas não escrevo com rancor. Escrevo com o coração.
CG: Qual o maior desafio em exercer o jornalismo num lugar como o Estado de Roraima? JS:A diferença é que Roraima é um Estado pequeno, onde o governo é presente em tudo e a principal e às vezes a única fonte de renda de pessoas, empresas e empreendimentos, entre eles veículos de comunicação. Então é preciso jogo de cintura, perspicácia, coragem de se indispor (sabendo que se você quiser benefícios e benevolência não os terá no governo) e principalmente uma vigilância profissional constante para que você não cometa erros primários a fim de comprometer sua credibilidade.
CG: Quais as características essenciais para um bom jornalista nos dias de hoje? JS: Disciplina, muita leitura, conhecimento profundo das forças que movem a engrenagem social e política. E principalmente conhecimento pleno da cidadania e das necessidades básicas da sociedade. Jornal que não pensa em cidadania é qualquer coisa, menos imprensa.
CG: Quais dicas você daria a quem esta adentrando o mundo da comunicação? JS:Que sejam despidos de inocência intelectual, que tenham visão aguçada para perceber o que os outros seres “normais” não conseguem enxergar e muita determinação para não sucumbir no primeiro obstáculo. E os obstáculos são muitos, como a “síndrome do Barrichello”, se é que vocês me entendem.
Embora dez anos nos separem da 1ª edição do Tirania da Comunicação, de Ignacio Ramonet, o tema não poderia ser mais atual. Com previsões incisivamente corretas, como a consulta à mídia e conteúdo jornalístico através do correio eletrônico e dos telefones celulares, o livro traz uma crítica feroz ao imediatismo buscado pelos meios de comunicação, em especial a televisão, acusando-a de ser uma “mídia da simplicidade”.
Com a constatação de que “informar-se é cansativo", Ramonet incita a reflexão sobre o papel que cabe, não apenas aos futuros jornalistas, mas também ao espectador/receptor da informação.
Pela sua relevância (e seu peso na prova), os professores do módulo de História do Jornalismo marcaram uma discussão do livro para a próxima quarta-feira, 10 de junho, em sala de aula. Quem ainda não leu, ainda está em tempo. É possível fazer o download do livro aqui e aqui.
O debate é dirigido aos alunos da turma do 1º semestre, manhã 2, do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo.
A Tirania da Comunicação. RAMONET, Ignacio. Petrópolis: Editora Vozes, 1999. Sobre o autor: Ignacio Ramonet nasceu na Galícia, em 1943. É diretor, em Paris, do Le Monde Diplomatique. Especialista em geopolítica e estratégia internacional, é professor de Teoria da Comunicação na Universidade Denis Diderot de Paris. Ramonet é doutor em Semiologia e História da Cultura pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, onde foi aluno de Roland Barthes. É um dos fundadores da Attac e membro do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial. Fonte: Livraria Cultura
Diariamente, basta dar uma olhada nos canais abertos de televisão, geralmente no começo e no final da tarde, para se deparar com programas onde os apresentadores opinam sobre as notícias e acabam se tornando referência de credibilidade e opinião para seus telespectadores. José Luis Datena, Geraldo Luís, Carlos Massa (Ratinho), Wagner Montes, entre outros, são “jornalistas” que caíram no gosto popular e abordam as notícias de maneira diferenciada, muitas vezes com coberturas super-detalhadas de casos que geram polêmica. A grande questão é: alguns telejornais tratam os fatos com um nível de sensacionalismo excessivo, ou estas notícias são mesmo tão sensacionais que merecem ter tamanho destaque?
O modelo de telejornal onde os apresentadores são participativos surgiu com o “Aqui Agora”, que teve sua primeira versão em 1991, no SBT. Baseado no slogan "um jornal vibrante, uma arma do povo, que mostra na TV a vida como ela é!”, utilizado em um programa homônimo da TV Tupi, o “Aqui Agora” se destacava por exibir manchetes escandalosas sobre as notícias e chegou até a ter o boxeador Maguila como comentarista de economia. Desde então, surgiram muitos programas jornalísticos e de variedades que utilizaram recursos semelhantes para buscar uma relação mais próxima com a notícia e com os telespectadores. Lembrando que não dá para generalizar jornalistas como pertencentes a um único estilo de apresentação, cada um tem suas particularidades e é isso que os fez chegar aonde estão.
O “Brasil Urgente”, que vai ao ar de segunda a sexta na Band, conta com José Luis Datena para exibir as notícias mais polêmicas da semana. O apresentador sempre opina sobre os assuntos e tenta buscar possíveis soluções para os problemas que são apresentados. Datena, que começou com locutor esportivo, teve um programa parecido na Rede Record, o “Cidade Alerta”. E por falar em Record, o “Balanço Geral” é a atual arma da emissora para abordar fatos “relevantes” e histórias curiosas, transmitido diariamente e com apresentadores e notícias diferentes em cada região do país. Na Grande São Paulo, o jornalista Geraldo Luís comandou a atração durante quase um ano e meio, onde contava histórias como a do “Burro Zangado” e a do “Pica-Pau”. Atualmente, Wagner Montes comanda o programa, sendo mais um exemplo de apresentador que busca intimidade com quem o assiste.
E, nesse grupo de personalidades, não podia faltar o Ratinho, apresentador que após muito tempo inativo, voltou ao ar com a nova versão do “Programa do Ratinho”, que teve entre 1998 e 2006 momentos de grande audiência, sendo um programa de variedades que cobria de casos policiais a testes de DNA, passando por atrações bizarras com comentários incríveis do boneco Xaropinho. Ratinho começou sua carreira como repórter policial de um programa chamado “Cadeia”.
A intenção desse post não é julgar a qualidade dessas atrações, muito menos fazer um perfil destes jornalistas, mas sim apontar este estilo de programa como um dos mais importantes para a divulgação das notícias para um público que tem na televisão sua principal fonte de informação. Com isso, a importância da abordagem dos fatos é essencial, já que se o Geraldo Luís falar três semanas seguidas sobre o assassinato da menina Isabella, é isso que o povo vai comentar na rua. Muitos casos são divulgados à exaustão, as vezes sem novas informações, provavelmente por dar mais ibope. Nesses casos, o sensacionalismo é inevitável.
Sinceramente, não assisto à este tipo de programa, porque não me sinto bem ao ver, por exemplo, o apresentador Ratinho levando a platéia ao delírio quando critica um governante. Apesar de não ser um fã dessa turma, acredito que o poder que estes jornalistas possuem para influenciar os telespectadores pode e às vezes é utilizado de forma positiva. Abordar as notícias de uma maneira mais escandalosa é um ótimo recurso para tentar evitar que as pessoas não dêem as costas para o que aconteceu. Outra coisa admirável é o carisma das personalidades citadas e algumas outras, como o mestre em jornalismo investigativo Gil Gomes. Bordões como “balança São Paulo!”, “aqui tem café no bule!” e “escracha!” caíram no gosto popular.
Então um brinde ao sensacionalismo? Ainda não. Como um mero aspirante à jornalista, não ouso criticar esses ícones da televisão só porque não “fazem” meu estilo, mas acho que este recurso se torna desgastante para o telespectador que se interessa por várias notícias ao invés de uma só nos mínimos e às vezes irrelevantes detalhes. Quem sabe no futuro eu mude de opinião, e até apareça apresentando uma atração nos moldes das que mencionei aqui. Tudo bem, estou “sonhando” alto. Mas já vou pensando no meu bordão.
O Jornal Nippo-Brasil, antigo Notícias do Japão, é o maior jornal sobre a comunidade japonesa. Feito para leitores interessados nessa cultura, o impresso atende, de forma completa, todas as necessidades do público tanto no Brasil como no Japão.
Além disso, é o único jornal que dedica espaço ao evento migratório vivido pelo Brasil, envolvendo cerca de 260 mil nipo-brasileiros que estão trabalhando no Japão (dekasseguis), que são responsáveis pela remessa anual para o Brasil de aproximadamente 2,5 bilhões de dólares. Para quem não sabe, dekassegui é o trabalhador que deixa sua terra natal para trabalhar temporariamente em outra região ou país.
Recentemente o “Culpa do Guto” teve a oportunidade de entrevistar o jornalista e editor-chefe do Jornal Nippo-Brasil, Helder Horikawa.
Confira.
Culpa do Guto: Por causa da crise econômica mundial, uma grande quantidade de dekasseguis está abandonando o Japão e retornando ao Brasil em busca de melhores condições de vida e de trabalho. Qual é o papel da Imprensa nesse assunto? Helder Horikawa:Desde que a crise estourou no Japão, afetando diretamente os trabalhadores brasileiros, especialmente os temporários, procuramos acompanhar atentamente tudo o que acontece com a comunidade estabelecida por lá. Mais do que simplesmente noticiarmos as tragédias familiares e pessoais, resolvemos amparar esse público que volta ao Brasil com matérias de orientação e serviços. A grande imprensa, de uma maneira geral, se ampara nos noticiários sobre desemprego e seus trágicos impactos nos brasileiros, o que deu a falsa impressão de que toda nossa comunidade está passando por sérias dificuldades . Mas a verdade é que é minoria o número de brasileiros vivendo nesse cenário de penúria como a mídia tem retratado.
CG: No dia 5 de março, você participou do ciclo de palestras Ciate Itinerante realizadas pelo Centro de Informação e Apoio ao Trabalhador no Exterior (Ciate) sobre a empregabilidade do ex-dekassegui no Brasil. Quais as principais dificuldades que ele enfrenta para trabalhar no Brasil? HH:O brasileiro que volta do Japão é um trabalhador que ficou, em média, dois a três anos fora do país. Ele retorna desinformado e com poucas expectativas de encontrar uma reposição no mercado a curto prazo. Em média, o ex-dekassegui demora cerca de três a quatro meses para encontrar emprego por aqui (é uma estatística do Grupo Nikkei de Promoção Humana). Essa dificuldade é gerada pela falta de experiência e a baixa qualificação de muitos deles. Assim, tem muita gente "aceitando qualquer coisa". Mas o caminho para a retomada da vida no Brasil não é bem assim.
CG: Há diferenças impactantes entre o Japão e o Brasil na maneira como os jornalistas abordam as notícias, sejam elas pelo rádio, televisão, jornal impresso ou internet? HH:Como mencionei anteriormente, como editor de um semanário destinado à comunidade japonesa, que sempre retratou o fenômeno dekassegui, nosso olhar jornalístico é, neste momento de crise, mais focado em ações de orientação e serviços. Isso, porém, não significa que o noticiário do dia-a-dia, em especial das dificuldades, não seja retratado semanalmente. Mas é que a grande mídia, seja TV, jornal ou internet, tem uma visão de "notícia pura". Assim, dizer que brasileiro vive nas ruas de Tóquio não é novidade para nossa redação. Mas isso, certamente, é notícia para a grande imprensa.
CG: Podemos notar que há cada vez mais jovens nas redações de jornais. Isso também acontece no jornal Nippo-Brasil? HH:Temos uma redação, de fato, bastante jovem. Alguns recém-saídos da universidade, outros ainda em curso. Isso é bom, porque o jovem é, apesar da inexperiência, arrojado, vai atrás da notícia mesmo. E assim deve ser.
CG: Por que você decidiu se tornar jornalista? Quais são suas metas na profissão? HH:A escolha pela profissão ocorreu de forma natural. Sempre fui muito elogiado nas redações nos tempos de colégio, adorava leitura, e comunicação, na prática, sempre foi meu forte. Minhas metas? Crescer ainda mais profissionalmente e ampliar meus conhecimentos. Em qualquer profissão, vivemos aprendendo todos os dias. No jornalismo essa sensação é ainda mais latente. Em início de carreira fazemos de tudo um pouco. Eu, por exemplo, passei por todas as editorias, de comunidade à esportes, passando pela música.
CG: Quais são as características essenciais para um bom jornalista? HH:Perseverança, olhar clínico para um fato e cultivar sempre as suas melhores fontes. Costumo dizer sempre aos meus jornalistas de que esses fatores são indispensáveis à profissão.
Entenda melhor a situação dos dekasseguis assistindo à reportagem do Globo Repórter que foi ao ar dia 01 de maio de 2009.
A história começa de maneira simples, Samuel Wainer, o jornalista, vai ao sul do Brasil e entrevista Getúlio Vargas, o ex-presidente. Os dois tornam-se amigos (coisa extremamente comum nos dias de hoje, qual jornalista não tem um amigo que já foi presidente?). Tempos depois, Vargas propõe ao repórter a criação de um jornal.
A lenda fora criada, a verdadeira revolução na história da imprensa brasileira. Em 12 de junho de 1951, surge o jornal Última Hora, com máquinas ociosas, mas muitos talentos, diagramação inovadora, uma só linha editorial, coberturas feitas em equipes e capa inédita: uma carta de Getúlio a Wainer, falando da importância de uma imprensa popular. O popular UH sai às bancas rumo ao sucesso. Sucesso imediato? Muitos dizem que sim, mas o próprio Samuel revela, em suas Memórias, que se decepcionou um pouco. Pouquíssima coisa, porque com dedicação, trabalho, ousadia, influência política e Wainer, nada poderia dar errado. Na década de 1960, o Última Hora já estava em Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte, São Paulo e outras capitais.
Porém, a criação de um jornal apoiado por Vargas despertou o ódio da Tribuna da Imprensa, ou melhor, de seu criador, Carlos Lacerda (quem diria hein? De roommate e companheiro de Diretrizes a inimigo), ele acusava o Última Hora de ser financiado com o dinheiro do governo, queria destruir Vargas e Wainer de qualquer forma. E, detalhe importante, recebia a ajuda de Chatô (o Chato), que disponibilizou a Lacerda a TV Tupi. Se não fosse isso, nada aconteceria, o Tribuna da Imprensa era fraco demais. Mas pudera né, Wainer saiu dos Diários Associados de Assis Chateaubriand para ser dono do concorrente, o Rei do Brasil ficou com medo, coitado!
Em 1953, Carlos Lacerda, o Corvo, como era conhecido na redação do UH, publicou na Tribuna da Imprensa que Samuel não era brasileiro, havia nascido na Bessarábia, Romênia e que a lei brasileira não permitia que um estrangeiro fosse dono de um meio de comunicação no Brasil. E daí? Quem conhece alguma coisa sobre Wainer sabe que ele tinha alma brasileira, que era um profissional e tanto, e que não agiu de má fé.
A vida de Wainer e do UHcaminhavam conforme a política. Amado e cortejado por Vargas e pelos getulistas, odiado pela oposição, Última Hora sobreviveu a uma CPI; à morte de Getúlio; aos complicados meses do governo de Jânio Quadros; aliou-se a Juscelino Kubitschek e, depois, a Jango.
Com o Golpe Militar de 1964, Samuel se exila em Paris e negocia o abrandamento da linha editorial do jornal por um passaporte. "O Profeta", como era chamado por Getúlio Vendeu o UH de São Paulo para Otávio Frias de Oliveira, do grupo Folhas e o jornal do Rio de Janeiro para um grupo de empreiteiros, foi o fim da grande aventura.
Referências: NUNES, Augusto. Minha Razão de Viver, autobiografia de Samuel Wainer: Editora Planeta. MARTINS, Ana Maria & DE LUCA, Tania Regina. História da Imprensa no Brasil: Editora Contexto.
New Journalism Ao longo da história do jornalismo, podemos perceber que foram muitas as tentativas de estreitar as relações do jornalismo com a literatura. Muitas delas fracassaram pelo excesso de lirismos, pelo excesso de parnasianismos no texto, e o resultado dessas experiências era algo indefinido: nem literatura, nem jornalismo.
Porém, outras tentativas foram bem sucedidas, entre elas o New Journalism. O Novo Jornalismo é um gênero jornalístico, surgido na imprensa dos Estados Unidos, no começo dos anos 60. Classificado como um romance de não-ficção, sua principal característica é misturar a narrativa jornalística com a literária.
Mesmo que o Novo Jornalismo não esteja sendo utilizado nos dias atuais com tanta frequência, ele ainda desperta atenção e curiosidade nos leitores. Isso mesmo! Temos certeza de que vocês, leitores, estão super curiosos para ler uma reportagem literária. Bom, o Culpa do Guto vai resolver o problema. Aqui vai um link do texto "Eles Venceram", de Bob Fernandes, que mostra o estilo desse Novo Jornalismo: Eles Venceram
“O Novo Jornalismo, embora possa ser lido como ficção, não é ficção. É, ou deveria ser, tão verídico, como a mais exata das reportagens, buscando embora uma verdade mais ampla que a possível através da mera compilação de fatos comprováveis, o uso de citações, a adesão ao rígido estilo mais antigo. O Novo Jornalismo permite, na verdade exige, uma abordagem mais imaginativa da reportagem e consente que o escritor se intrometa na narrativa se o desejar, conforme acontece com frequência, ou que assuma o papel de observador imparcial, como fazem outros...” (Gay Talese)
Gonzo Journalism Na segunda metade da década de 60 surge, em pleno auge das novas liberdades editorias, uma vertente do Novo Jornalismo: O Gonzo Jornalismo. Gonzo é um estilo de narrativa em jornalismo, cinema ou qualquer mídia, em que o narrador abandona qualquer pretensão de objetividade e se mistura profundamente com a ação. O estilo surgiu nos Estados Unidos e Hunter S. Thompson*, um jornalista free-lancer do Estado de Kentucky foi o criador. Ele usou a palavra Gonzo pela primeira vez em 1970 para descrever um artigo. Thompson quebrou a barreira essencial que separa o jornalismo da ficção: o compromisso com a verdade.
Também chamado de jornalismo fora-da-lei, jornalismo alternativo e cubismo literário, o gênero inventado por Thompson tem sua força baseada na desobediência de padrões e no desrespeito de normas estabelecidas, além de abordar quatro grandes temas: esporte, política, sexo e drogas.
PS: O muppet Gonzo mandou um recado para o Culpa do Guto, pedindo para avisar todos os nossos leitores que ele não tem nada a ver com essa história de Jornalismo Gonzo. Pronto Gonzo, o recado já está dado! Agora, de volta a explicação.
*Hunter Stockton Thompson: (18 de Julho de 1937, Louisville, Kentucky, EUA - 20 de Fevereiro de 2005, Aspen, Colorado, EUA) Thompson, esse coroa simpático da foto, foi um jornalista e escritor norte-americano. Ficou conhecido pelo seu estilo de escrita extravagante, aperfeiçoado em seu livro mais famoso, Medo e Delírio em Las Vegas (Conrad, 2007). Hunter Thompson suicidou-se com um tiro de espingarda na cabeça em 20 de fevereiro de 2005. Ele deixou um bilhete em que se mostrava deprimido e sofrendo de terríveis dores após uma cirurgia na região da bacia. Seu corpo foi cremado e as cinzas foram lançadas ao céu por um pequeno foguete, em uma cerimônia bancada pelo ator Johnny Depp, seu amigo e que interpretou o personagem Raoul Duke na versão para o cinema de Medo e Delírio em Las Vegas.
New Journalism X Gonzo Journalism O Gonzo Jornalismo é um gênero que, apesar de ser uma vertente do Novo Jornalismo, apresenta características singulares e, portanto, deve ser considerado de forma diferenciada.
Se no Novo Jornalismo a técnica de acompanhar a fonte por semanas ou mesmo meses a fio recebia o nome de imersão, no Gonzo Jornalismo o termo demonstra-se insuficiente posto que a imersão neste gênero implica um envolvimento muito mais pronunciado do repórter com o objeto do seu trabalho. Esta afirmação, contudo, não significa que um artigo gonzo exija mais tempo de investigação do que um encaixado nos padrões do Novo Jornalismo, mas sim que necessite de uma proximidade maior entre o investigador e o que é investigado, a ponto dos dois se mesclarem e se confundirem.
Há quem diga que o gonzo não é jornalismo, uma vez que os textos não são imparciais, nem sérios, além da falta de objetividade e seriedade com que a notícia é tratada, fugindo a todas as regras básicas do jornalismo. No entanto, o gonzo está tendo cada vez mais adeptos, pois muito de seu jornalismo passa pelas funções expressivas da Comunicação e da Literatura.
Gonzo Jornalismo no Brasil: Hoje em dia no Brasil, o mais famoso repórter gonzo é Arthur Veríssimo, que escreve para a Revista Trip, mas também podemos encontrar o Gonzo Jornalismo em várias edições das Revistas Playboy, Piauí, dentre outras publicações nacionais e sites. Clique Aqui para ler o texto "E Soa o Gonzo!", de Arthur Veríssimo, para a Trip.
Segue abaixo um vídeo da BBC que fala um pouco sobre Hunter Thompson e seu Gonzo Journalism: (Ah, sinto muito mas não achamos o vídeo legendado! Então aproveitem para, também, treinar o inglês)
Se me perguntassem o que eu gostava de ler, há 20, 10, 5 anos, as respostas seriam das mais diversas. Hoje, passo mais tempo do que deveria na Internet, lendo sobre tudo um pouco, e um pouquinho mais sobre o que me agrada. Sites, feeds, blogs. Ah, não dá pra esquecer do Twitter e das ferramentas de relacionamento virtual. Chame de networking se preferir.
Ninguém gasta muito tempo lendo sobre assuntos que não lhe entretenham ou interessem. Imagino que a maioria dos que lêem este blog tenham uma experiência semelhante. Afinal, afinidade é uma característica determinante na escolha por um veículo midiático. Televisão? Rádio? Internet? Jornal impresso ou revista? A convergência entre o que é prazeroso e o que é conveniente determina que mídias são consumidas, e quais têm que se reinventar para sobreviver.
Como diria minha mãe esta é uma geração de “interneteiros”. Para muitos da nossa sala, no curso de Jornalismo, “fazer” blog é uma experiência nova. Mas o blog não é. Ele surgiu há mais de 10 anos. E tem de todo jeito, pra todo gosto – pessoais, corporativos, sobre assuntos específicos. É o tal do user generated content (ou conteúdo gerado pelo consumidor, em bom português).
Uma qualidade importantíssima para um bom jornalista é faro. E “faro” é perceber o que “passou batido”, conseguir enxergar um padrão, antecipar uma necessidade através das dúvidas que surgem no público que se deseja atingir. Se o Google faz, porque eu não posso? E daí nessa de ficar fuçando na vida dos outros seguindo as pessoas no Twitter, percebi que alguns colegas estavam à deriva neste vasto oceano do blogger/wordpress/livejournal/etc.
Para quem está começando, uma ótima referência é o Online Journalism Blog. Lá estão disponíveis tutoriais, artigos e dicas bibliográficas. De mais interessante, há um texto que lista 12 idéias de como iniciar um blog. A lista completa você encontra aqui. Abaixo, um resumo dos pontos principais:
- Faça uma lista. Sério, listas são super populares na internet. “Uma boa dica para um post é fazer uma lista dos 10 melhores/mais visitados blogs na sua área” – o que também pode ser útil como pesquisa para descobrir quais são. - Escreva um tutorial. Uma das buscas mais populares na internet começa com “Como fazer...”. “Tutoriais também atraem comentários que podem ajudar a construir seu conhecimento sobre o assunto”. - Entreviste alguém. Entrevistas por email podem funcionar, mas uma gravação de vídeo ou áudio no site sempre atribui maior valor ao post. Se estiver procurando por conselhos, uma lista curta de dicas é uma boa idéia. Também dá para criar uma série de entrevistas com visões diferentes do mesmo tópico. - Cubra um evento. Vá a um evento relevante, e escreva a respeito. - Faça perguntas. Funciona melhor se você já tem um público cativo que costuma comentar ou se for por um excelente motivo. Ou crie uma enquete. - Reflita sobre um assunto. “Pode ser algo que aconteceu a você nest semana, uma decisao ou escolha que você fez, um lead para uma matéria, ou qualquer outra coisa. Porque aconteceu? Quais foram as implicações? O que voce aprendeu? Deixe aberto para que outros possam contribuir com suas experiências ou insights”.
Convenhamos. O blog, como ferramenta de comunicação e mídia, tem um tempo e características particulares. Vale destacar a possibilidade de edição, o que significa que há espaço para experimentos e erros. Tem também uma etiqueta própria. Uma das maneiras mais eficientes de conseguir comentários é comentando. Acaba sendo um pouco como uma visita de comadres – se alguém te visita não custa nada retribuir o favor. É uma maneira de gerar tráfego. Mas, por favor, evite o SPAM. É óbvio e pega super mal.
Idéias originais são sempre bem-vindas, e o espaço é ilimitado. Mas cuidado para não se empolgar e deixar o texto cansativo. Seja engraçado, ou ao menos tenha estilo. Compartilhe sua visão do mundo. Ponha links. Dê crédito a quem é de direito.
Leia. Experimente. Pesquise e então ouse. Se errar, peça desculpas e siga em frente. Se tiver tempo, e se puder, aprenda HTML. E o que eu considero o mais importante: não leve tão a sério. É só um blog.
Quando o assunto surgiu na sala de aula, nós do Culpa do Guto percebemos que a pauta era boa e resolvemos falar um pouco mais sobre a Virada Cultural 2009, que aconteceu no último fim de semana. Durante 24 horas, entre os dias 2 e 3 de maio, a cidade de São Paulo foi palco de quase 800 atrações divididas entre 150 locais diferentes. Inspirado no evento Nuit Blanche, que também reúne diversos espetáculos nas ruas de Paris, o ex-prefeito José Serra promoveu a primeira edição da Virada Cultural em 2005.
Agora, vamos deixar a história de lado para comentar um pouco sobre as opiniões que levantamos a respeito dos eventos – que na opinião de quem foi, podem ser resumidos em duas simpáticas palavras: sujeira e muvuca. Calma, nós não vamos só criticar a Virada Cultural, afinal, é uma ideia excelente. Infelizmente, nenhum dos Cúmplices do Guto pôde ir aos shows, mas ouvimos a opinião de alguns paulistanos que compareceram e têm o que dizer. E o fato é que lixo nas ruas e cultura nos palcos houve de sobra, mas faltaram banheiros e educação do público.
Para o estudante Heitor das Neves, a organização do evento e o comportamento do público ficaram empatados. E por zero a zero. “Faltaram banheiros, mas a prefeitura tem só uma parcela da culpa, pois tinha muito lixo, inclusive nos banheiros químicos. Culpa também das pessoas”.
Por outro lado, todos os entrevistados fizeram questão de apoiar a ideia. O estudante Arthur Bassani afirmou “A iniciativa é boa. Bandas grandes, apresentações de teatro, tudo de graça. O problema é que tinha muita gente, mas faz parte”
No blog Olhometro, dirigido por Ana Paula, estudante de Jornalismo da Universidade Metodista, há um texto muito bom: “Cilada Cultural 2009”. Vale à pena dar uma olhada. Clique aqui para conferir o artigo.
Um evento desse porte, imitando um país de primeiro mundo como a França, nos lembra o Império Romano com seu “panis at circenses”, a política do pão e circo, em uma época em que o Estado promovia espetáculos para distrair a plebe de questões políticas.
Definitivamente, o apelo cultural do Brasil é vasto e miscigenado, mas não tem como comparar, socialmente, paulistanos com pessoas de diversos Estados, que vieram ao coração do país para prestigiar esses shows a céu aberto, ou com franceses, que lêem em média sete livros por ano. Muito menos com uma sociedade clássica como a romana.
O Brasil deseja, cada vez mais, ser um exemplo cultural. Tomara que, nós brasileiros, continuemos a pensar dessa forma. E, mais ainda, tomara que iniciativas como essa aconteçam em todo o país, sendo lapidadas para que o público se interesse cada vez mais pela cultura brasileira.
Culpados: Felipe Paparella, Danilo Martins e Henrique Mathias Fontes das Imagens:Virada Cultural e Blog Vambora
Se você não se lembra que dia é hoje, Culpa do Guto vai ajudar você. Nesse domingo, dia 3 de maio de 2009, comemora-se o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. E para homenagear, vamos sair da nossa periodicidade e publicar algo falando sobre o assunto. Depois de pensar muito, resolvemos não escrever sobre a censura em si. Seria um tanto superficial fazer isso, porque a história da censura na imprensa é longa e persistente. Então, resolvemos falar sobre o papel do Pasquim na censura.
Extraordinariamente, o texto não foi escrito por nenhum “Culpado”, é de autoria de Cacá Jacomucci, professor de História do Objetivo Sorocaba, usado na aula “Brasil: Cultura e Resistência nos Anos 60 e 70”, no contexto de Sons e Imagens do Século XX.
Boa Leitura.
Pasquim: a resistência com humor
Na tradição de publicações, que desde o começo do século XX usavam o humor da charge para criticar a sociedade e a política, como O Malho, Fon Fon, Careta e Dom Quixote, a década de 70 contou com a irreverência e ousadia de O Pasquim. Formado por um bando de jornalistas e cartunistas sem trabalho na grande imprensa e criado num bar na Cinelândia (Rio de Janeiro), surgiu como um jornal comportamental, tratando de temas que ainda eram tidos como tabu: sexo, feminismo, drogas, contracultura, divórcio. Tornou-se cada vez mais politizado e crítico ao regime militar conforme a perseguição dos militares aumentava. A sutileza e inteligência dos textos e charges (muitas charges) conseguiam burlar a censura, quando não embebedavam o censor ou produziam uma quantidade imensa de matérias e o jornal que chegava às bancas era aquilo que sobrava após os cortes.
Jaguar, Ziraldo, Henfil, Paulo Francis, Angeli, Luis Carlos Maciel, Tarso de castro, Millor Fernandes, Sérgio Cabral, Fortuna, foram alguns dos nomes que escreveram e dirigiram o jornal durante suas décadas de existência. Prisões de todos na redação, apreensão dos exemplares nas bancas, telefonemas ameaçadores, eram parte do cotidiano do jornal durante a ditadura militar. Seus leitores eram universitários, intelectuais, artistas, todos que encontravam em suas páginas aquilo que a grande imprensa não ousava publicar.
O nome “pasquim” significa panfleto difamatório, jornal de baixa qualidade, e foi escolhido justamente para esculhambar com aqueles que inevitavelmente se sentiram incomodados com sua publicação. Eram freqüentes as longas entrevistas, sempre em tom descontraído, quando não de deboche. Ficou famosa a entrevista de Leila Diniz onde os infindáveis palavrões foram substituídos por (*), impostos pela censura. Uma charge gozando Pedro I levou todos para a cadeia.
Jaguar, um dos fundadores do jornal, declarou: “haveria um grande suspiro de alívio da grande imprensa brasileira se o Pasquim fechasse, porque era um jornal que sacaneava a desinformação que a grande imprensa passava para o público.” Esse era o objetivo do jornal, ser crítico de tudo que era estabelecido às autoridades, o moralismo das elites, os bons costumes da classe média, a história oral. Várias frases publicadas pelo semanário, criticando o autoritarismo do regime militar ficaram famosas na época:
“Em terra de cego, quem tem um olho emigra.”
“O importante não é vencer, é sair vivo.”
“Quem é vivo sempre desaparece.”
“Imprensa é oposição, o resto é armazém de secos e molhados.”
Com o afrouxamento da censura no início dos anos 80, outros jornais e revistas começaram a ocupar fatias do público do Pasquim e, lentamente, o jornal agonizou, sendo extinto em 1991, cumprindo um papel fundamental tanto no sentido de informar, como no de formar uma nova leva de jornalistas e cartunistas que arejaram a “engravatada” imprensa brasileira.
Culpada: Camila Oliveira Como dito antes, créditos para o Professor Cacá Jacomucci, autor do texto na íntegra.
Criar e manter um blog pode ser muito cansativo, mas vale a pena! Ainda mais para os jornalistas, que podem usar o blog para informar e expor opiniões.
Confira quatro itens que são super interessantes a respeito dos blogs: 1. Compartilhamos informações em alta velocidade; 2. Qualquer pessoa no mundo que estiver conectada na Internet pode visitar nossa página; 3. Qualquer pessoa pode também criar um blog, basta aprender; 4. O chefe, editor, repórter (...) é você!
A versão dos blogueiros... Eles podem ensinar muitas coisas aos jornalistas porque:
- Sabem fazer link. Embora haja importantes exceções, jornalistas habitualmente não sabem. Seja em seus blogs, seja nos portais em que trabalham. O indefectível “Clique Aqui” é um bom exemplo disso.
- Sabem procurar as informações na Internet e conseguem filtrar os sites confiáveis.
- Conseguem ler na Net sem nenhuma dificuldade. Entendem os códigos e as abreviações, como: blz, crtz, 9dads, tc, naum, ;-).....
- Sabem ser pessoais. Os jornalistas estão acostumados a escrever de modo impessoal, principalmente quando se trata de notícias do cotidiano. Já os blogueiros conseguem falar diretamente para você, e deixam claro como eles se posicionam no mundo.
- Estabelecem fortes laços virtuais, mantendo contato através do MSN, ICQ, Orkut, Twitter, salas de bate-papo, pelos próprios blogs, e outros. Esses contatos são interessantes para os jornalistas também, pois podem ser ótimas fontes de informação.
A versão dos jornalistas... Eles também podem ensinar muitas coisas aos blogueiros porque:
- Apuram os fatos. Um jornalista já está habituado com a ideia de que nem tudo o que dizem pra ele é verdade.
- Sabem ouvir. Não basta reproduzir apenas uma informação, é necessário ouvir as fontes envolvidas, e apurar todas as versões.
- Dizem muito com pouco. Na TV e no rádio, por exemplo, o tempo é limitadíssimo, portanto é preciso saber o essencial em poucas linhas.
- Têm paciência e revisam os textos. Blogueiros podem arrumar o texto depois de pronto, jornalistas não.
- Dominam a Língua Portuguesa.
Considerações finais: Você não precisa de diploma para ser um blogueiro, para jornalista sim (pelo menos, na teoria). Porém, não tem como pendurar o diploma no seu blog, ou se der também ninguém vai dar muita atenção para ele. A autoridade de um blog e a de seu editor não se constrói sobre um documento, mas sobre o próprio blog. E isso vale também para a profissão do jornalista. De que adianta um diploma se você não for um bom profissional?
"Os dois mundos não se conhecem. Jornalistas têm uma vaga idéia do que seja um blog e editores de blog têm uma vaga idéia do que seja o jornalismo". (Alessandro Martins)
Confira o PODCAST da rádio CBN que fala sobre o assunto! Clique aqui!
Os cúmplices do Guto foram às ruas de São Bernardo do Campo nas últimas semanas para conferir se a população sabe o que é o e se confia no Jornalismo de Serviços... Até o professor Roberto, de Tecnologia e Comunicação, opina e nos conta um pouquinho da história do Jornalismo. Confira na video reportagem abaixo!
(Clique no vídeo para expandir) Trilha sonora: Transmission – Joy Division
(Apesar de fugir do tema, eu precisava de um espaço pra mostrar minha indignação). Assisti a um vídeo no youtube, sugerido pelo nosso professor de Ciência e Tecnologia, onde Carlos Alberto Schneider, superitendente da CERTI - Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras - afirmou que Jornalismo era independente de Tecnologia e fez uma analogia incrível: comparou uma máquina Olivetti com a Internet. Quando eu vi a declaração, fiquei pensando que ele até poderia estar certo se comparasse a máquina de escrever com o Word, mas comparou com a Internet, aquele lugar onde você acha o que procura e o que não procura também.
Comecei a navegar pela Web (ou seja, usar a tecnologia a favor do Jornalismo) e descobri que um sem-número de jornalistas pensa como esse homem: eles acham que a profissão nada tem de tecnológica e que é movida pela criatividade e expressividade do profissional
Então, como a realidade é bem diferente disso, eu resolvi escrever algumas utilidades bem simples da tecnologia no jornalismo, vamos lá:
A substituição das máquinas de escrever por computadores- dando a oportunidade para o jornalista salvar seus textos e reutilizá-los - permitiu a agilidade do processo. E partiu de onde? Da tecnologia.
Pra obter informações, um jornalista precisa de fontes. Pra encontrar suas fontes, há algumas opções: 1. Você usa a tecnologia, pega um telefone, liga e se informa; 2. Você usa a tecnologia de novo, pega um carro e vai até a fonte, ou ainda, 3. Você usa a tecnologia, acessa a Internet e procura fontes ou complementos pra ela.
A globalização necessita de cidadãos bem informados e com senso crítico. Para ser tudo isso, é preciso ter acesso aos meios de comunicação. Ai vem as perguntas: Como acontece a transmissão de um programa de Rádio? Como um canal de TV chega aos telespectadores? Como seu computador se conecta a Internet? Através da tecnologia, certo?
Se um jornal criativo e expressivo fica pronto e não tem um meio de locomoção inventado pela tecnologia para levá-lo de um lugar para outro, como ele vai ser lido?
É possível escrever algo com imparcialidade? A resposta é: IMPOSSÍVEL, a não ser que você esteja escrevendo uma receita de bolo ou um boletim de ocorrência. As notícias devem ir além de simples relatos e relatos simples.
A obrigação de um meio de comunicação e de um profissional da área é informar, isso é óbvio. Porém, nós, jornalistas, mostramos o que está certo, denunciamos o que está errado e também formamos opiniões, certamente transmitindo a nossa visão de mundo.
Não existe jornalismo sem opinião. Isso é utopia. Um texto jornalístico é neutro e imparcial apenas na teoria. Na prática, o modo de compreensão fica impregnado em cada palavra de um texto que se escreve. A verdade nunca é absoluta.
Ao se comparar os prós e os contras, pode se dizer que tratando-se de jornalismo de opinião, obter informação sob o olhar de terceiros é sempre perigoso, pois muitas notícias podem ser tendenciosas, ou prostituídas, como se diz por ai (aquelas escritas por interesses políticos, sociais ou financeiros). Para as notícias tendenciosas, a saída é fazer uma leitura crítica dos textos e procurar diversos meios de comunicação para analisar e balancear tudo que foi obtido. Já para as prostituídas, a solução é a ética, a conhecida “vergonha na cara” mesmo.
Entretanto, o jornalismo opinativo é benéfico à sociedade porque instiga a opinião pública e propõe diferentes posicionamentos perante a vida. Estimula a leitura em demasia para formar pontos de vista próprios e, ao mesmo tempo, favorece a admissão de opiniões alheias.
Então, supondo que você seja realmente honesto: um texto perfeito não se resume a receita de um lead e um desenvolvimento corretos. É aquele que pensa, procura diversas fontes, escolhe a linha que irá seguir, opina e torna-se um ser, como o leitor.
Jornalistas de todo o mundo, ao trabalho. Nossas opiniões podem mudar muitos pensamentos e a mudança de alguns pensamentos pode mudar o mundo. Não se preocupe em agradar a gregos e troianos com suas opiniões, tenha seus fãs e seus críticos, mas, mostre-as.
Um jornal é tão bonito Um jornal é tão bonito Tudo escrito, tudo dito Tudo num fotolito É tão bonito um jornal Vigilantes do momento Senhores do bom jargão Façam já soprar o vento Seja em qualquer direção Que o jornal é a matéria E o espírito do mundo
Coisa fútil, coisa séria Todo escrever vagabundo Um jornal é tão diverso Um jornal é tão diverso Tudo impresso, tudo expresso De outra feita, quando seja Tudo pelo sucesso É tão diverso um jornal Não importa a má notícia
Mas vale a boa versão Na nota um toque de astúcia E faça-se a opinião
Desejo editorial Faça-se sujo o que é limpo Troque-se o bem pelo mal Um jornal é tanta gente Um jornal é tanta gente Tudo frio, tudo quente Tudo preso à corrente É tanta gente um jornal
Um que dita, um que escreve Um que confessa, um que mente Um que manda, um que obedece Um que calcula, um que sente Um que recebe propina Um que continua honesto Um puxa-saco dos fortes Um que mantém seu protesto Um que trafica influência Um que tem opinião Um jornalista de fato Um rato de redação Um jornal é igual ao mundo Um jornal é igual ao mundo
Tudo certo, tudo incerto Tudo tão longe e perto É igual ao mundo um jornal
Culpadas pelo texto: Beatriz Ferrete e Camila Oliveira.